TERRA ESTRANHA é uma produtora audiovisual de São Paulo, focada em documentários e cinema autoral. Fundada em 2018, a produtora é fruto de uma longa parceria entre Lucas Silva Campos, Pedro Nishi e Victor Miaciro, que resultou em filmes reconhecidos nacional e internacionalmente. Destacam-se:  LIBERDADE (2018); LIVRO E MEIO (2019) e TEMPO DE IR, TEMPO DE VOLTAR (2018). Atualmente, a produtora desenvolve seus primeiros longa-metragens: GREEN KIDS e DEPOIS DA AULA, co-produção com a A FLOR E NÁUSEA

Existe um desafio em escrever sobre nosso próprio trabalho. Isto porque o pensamento e as palavras revestem de grandiosidade algo que, durante o processo de criação/produção, pode ser profundamente simples. O processo pode ser tortuoso, a técnica complicada, o trajeto misterioso, a realidade deliciosamente complexa. Mas a linguagem só nos dá passagem quando a tratamos com intimidade, como uma velha amiga e conhecida, companheira de set, de escritório e de ilha. Durante qualquer produção há dúvidas, obstáculos e desafios, mas tudo isso é bem vindo e produtivo. Em nossa experiência, atravessar essas camadas do processo resulta em um filme mais sincero e maduro. Assim, nossa proteção contra as falsas certezas e a artificialidade das análises, teorias e críticas, é o simples cotidiano do processo. Percorrer todos os passos, sem restringir ou reduzir o resultado final é o que torna cada filme singular em seus acasos, escolhas, imperfeições e potências.

Dito isso, podemos virar a chave por um instante e passear pelo campo das idéias ou ideais. Nos perguntamos constantemente qual é o cinema que amamos? E não por um simples capricho ou distração. Mas porque a proximidade deste desejo talvez nos revele o que temos para oferecer em um mundo repleto e saturado de informações, imagens e sons.

A resposta, claro, varia um pouco entre cada um de nós, mas uma linha que nos une é representada pela errância. Palavra que pode se relacionar tanto à imperfeição do processo, quanto a uma estética-narrativa de campos abertos. Em um mundo de filmes e personagens cada vez mais parecidos e repetitivos, buscamos o particular e o estranho. Não é o estranhamento do irreal, do artificial ou caricato, é o estranhamento do real. É estranho porque a realidade é estranha. Na singularidade da realidade de cada um e de cada história que vamos encontrar a ponte entre as pessoas, cada qual singular e estranha à sua maneira. Estamos sozinhos no escuro do cinema, mas acompanhados de todo um mundo.